Preciso compartilhar com vocês um trecho do livro “Zen e a arte da manutenção de motocicletas”. Ao ler o parágrafo abaixo, me identifiquei imediatamente com a filosofia de viagem do autor Robert Pirsig.

“ Viajando de motocicleta, vemos as coisas de um jeito completamente diferente. Num carro, você está sempre dentro de um compartimento e, por estar habituado a isso, simplesmente não percebe que o que vê pelas janelas do carro é só uma outra versão da televisão. Você é um observador passivo e tudo passa tediosamente à sua frente, enquadrado por uma moldura.

Numa moto não há moldura. Você entra em contato direto com tudo à sua volta. Está dentro da paisagem, não apenas contemplando-a, e essa sensação de presença é incrível. O concreto que passa voando dez centímetros abaixo dos seus pés é real, é o mesmo chão no qual você pisa, está ali, passando numa velocidade tal que é impossível focalizá-lo com o olhar; mas, quando quiser, você pode baixar o pé e tocá-lo, e a coisa toda, a experiência como um todo, nunca se afasta da consciência imediata. ”

É isso! Simples e claro como consta no extrato acima.

O autor foi capaz de expressar o que se passa na cabeça dos amantes das atividades outdoor.

A possibilidade de vivenciar o mundo de uma maneira diferente, mais presente, mais ativa e consequentemente mais viva, faz toda a diferença. É isso que faz o público outdoor olhar a vida ao redor de uma maneira diferente.

Eu sei que poder apreciar uma montanha no horizonte tem o seu valor. Mas observar essa montanha com o olhar de um potencial explorador deste pedaço de rocha é algo muito mais sublime. É olhar para a montanha e imaginar como deve ser a vista lá de cima. É imaginar como seria passar o dia caminhando ou pedalando pelas estradas que contornam aquele maciço. E imaginar a melhor rota para talvez…  não chegar lá em cima tão rápido assim e poder curtir cada curva da estrada.

Mas Sr. Pirsig, me permita fazer uma adaptação substituindo todas as palavras “moto” por “bicicleta”. Neste caso a experiência se torna ainda mais completa. Além de ser um meio infinitamente menos poluente, a menor velocidade permite aproveitar muito mais cada visual, cada pássaro observado, cada ruído da natureza.

Quem já teve oportunidade de fazer um cicloturismo sabe do que eu estou falando. Não há pressa em chegar ao destino. Na verdade, num cicloturismo não temos propriamente um destino. O caminho todo é o destino. Tudo é o destino a cada minuto que passa. Então por que acelerar a experiência?

Um grande abraço,

3M \o/

 

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s